O INSUSTENTÁVEL
PESO DA INCOMPETÊNCIA
Volto ao blog depois de um quente janeiro
com uma notícia espantosa:
“EM MATÉRIA DE TRÂNSITO, FLUIDEZ,
SEGURANÇA E CIVILIDADE, AS COISAS ESTÃO MUDANDO NO PAÍS DE CABRAL (aquele da
descoberta)”.
Agora a má notícia: sempre para pior.
Aguardo as estatísticas do DPVAT
apenas para confirmar o dito acima. Em 2013 mais de 60.000 pessoas devem ter
morrido em decorrência de acidentes de trânsito. Algumas centenas de milhares
sofreram ferimentos; para cada morte estima-se no mínimo 5 feridos com alta
gravidade, que carregarão sequelas pelo resto de suas vidas.
A taxa de mortos por 100.000
habitantes continuará subindo. Com certeza está acima de 30, mas as
autoridades, baseadas em estatísticas incompletas, continuarão insistindo que
não passa de 20. 20 ou 30 são inaceitáveis; em países civilizados as taxas
estão abaixo de 5 e melhorando continuamente.
Num ano eleitoral continuará não
havendo alta prioridade política para os problemas de incivilidade, acidentes,
mortos, feridos e perdas financeiras decorrentes (estimadas em 2% do PIB) provocadas
pelo trânsito brasileiro. Na verdade, nem alta nem baixa.
Em 2014 vários acidentes com alto
impacto emocional serão explorados pela mídia durante alguns dias;
posteriormente serão esquecidos.
A Política Nacional de Trânsito (de
2004) continuará engavetada em Brasília.
As autoridades continuarão culpando
os motoristas e se eximindo de qualquer responsabilidade pelos péssimos
resultados do sistema real do trânsito brasileiro.
Os municípios (lembrar que o trânsito
brasileiro foi “municipalizado” com o novo CTB) continuarão sem qualquer
fiscalização policial do trânsito. Aumentará o vício por fiscalizações
automáticas de algumas poucas infrações recorrentes.
Todos os gastos com a gestão do
trânsito, responsabilidade tão fundamental dos municípios quanto saúde e
educação, continuarão a ser financiados exclusivamente com as arrecadações
provenientes das fiscalizações automáticas e/ou executadas por agentes de
trânsito, as quais NUNCA abrangem infrações de percurso (menos ainda para
veículos de duas rodas).
Estrangeiros que nos visitarem
durante a Copa deixarão o país estarrecidos com a incivilidade de nosso
trânsito. Menos os que vierem dos países mais pobres da África.
Razões para essa situação? Estão explicadas
ao longo dos cento e tantos artigos já publicados. Impossível resumir um
sistema tão complexo.
Bom 2014 para os brasileiros que
tiverem a sorte de não se envolver em acidentes e incidentes de trânsito
durante o ano. Para as famílias que entrarão em luto, meus pêsames. Para os
feridos, espero (sem muita esperança) um atendimento médico digno pelo sistema
oficial de saúde.
29 de janeiro de 2014