quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O INSUSTENTÁVEL PESO DA INCOMPETÊNCIA


O INSUSTENTÁVEL PESO DA INCOMPETÊNCIA


Volto ao blog depois de um quente janeiro com uma notícia espantosa:

“EM MATÉRIA DE TRÂNSITO, FLUIDEZ, SEGURANÇA E CIVILIDADE, AS COISAS ESTÃO MUDANDO NO PAÍS DE CABRAL (aquele da descoberta)”.

Agora a má notícia: sempre para pior.

Aguardo as estatísticas do DPVAT apenas para confirmar o dito acima. Em 2013 mais de 60.000 pessoas devem ter morrido em decorrência de acidentes de trânsito. Algumas centenas de milhares sofreram ferimentos; para cada morte estima-se no mínimo 5 feridos com alta gravidade, que carregarão sequelas pelo resto de suas vidas.

A taxa de mortos por 100.000 habitantes continuará subindo. Com certeza está acima de 30, mas as autoridades, baseadas em estatísticas incompletas, continuarão insistindo que não passa de 20. 20 ou 30 são inaceitáveis; em países civilizados as taxas estão abaixo de 5 e melhorando continuamente.

Num ano eleitoral continuará não havendo alta prioridade política para os problemas de incivilidade, acidentes, mortos, feridos e perdas financeiras decorrentes (estimadas em 2% do PIB) provocadas pelo trânsito brasileiro. Na verdade, nem alta nem baixa.

Em 2014 vários acidentes com alto impacto emocional serão explorados pela mídia durante alguns dias; posteriormente serão esquecidos.

A Política Nacional de Trânsito (de 2004) continuará engavetada em Brasília.

As autoridades continuarão culpando os motoristas e se eximindo de qualquer responsabilidade pelos péssimos resultados do sistema real do trânsito brasileiro.

Os municípios (lembrar que o trânsito brasileiro foi “municipalizado” com o novo CTB) continuarão sem qualquer fiscalização policial do trânsito. Aumentará o vício por fiscalizações automáticas de algumas poucas infrações recorrentes.

Todos os gastos com a gestão do trânsito, responsabilidade tão fundamental dos municípios quanto saúde e educação, continuarão a ser financiados exclusivamente com as arrecadações provenientes das fiscalizações automáticas e/ou executadas por agentes de trânsito, as quais NUNCA abrangem infrações de percurso (menos ainda para veículos de duas rodas).

Estrangeiros que nos visitarem durante a Copa deixarão o país estarrecidos com a incivilidade de nosso trânsito. Menos os que vierem dos países mais pobres da África.

Razões para essa situação? Estão explicadas ao longo dos cento e tantos artigos já publicados. Impossível resumir um sistema tão complexo.

 

Bom 2014 para os brasileiros que tiverem a sorte de não se envolver em acidentes e incidentes de trânsito durante o ano. Para as famílias que entrarão em luto, meus pêsames. Para os feridos, espero (sem muita esperança) um atendimento médico digno pelo sistema oficial de saúde. 

 

29 de janeiro de 2014

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