Voltaremos num momento apropriado aos relatórios da ONU. Por enquanto, devemos nos ater à pergunta do título desta postagem: Segurança no trânsito é prioridade nacional? Supõe-se que problemas prioritários são abordados também prioritariamente, na tentativa de mitigá-los, embora saibamos que nem sempre resultados acontecem de acordo com as expectativas da população, seja em eficácia ou na velocidade com que melhorias ocorrem, quando ocorrem!
Infelizmente, e acho que a maioria vai concordar comigo, segurança no trânsito nunca foi, não é e é pouco provável que venha a ser uma das grandes e constantes prioridades nacionais. Não cabe culpar a população por isso. Cá entre nós, as grandes prioridades são aqueles temas mais comumente explorados pelos políticos nas campanhas de eleições majoritárias. Políticos têm um faro extraordinário para essas coisas. Atendimento médico hospitalar ou em postos de saúde, segurança, moradia, emprego, educação, drogas, creches, disponibilidade e custo de transporte coletivo, custo de vida, correção salarial, salário mínimo, condições de aposentadoria e pensões, "melhorar de vida", essas e outras questões similares e seus desdobramentos são as grandes e contínuas preocupações da maior parte da população, o que é absolutamente natural.
Assim, não há como temas aparentemente menos importantes competir com elas no quesito atenção dos políticos e órgãos públicos. Para onde são direcionadas as parcas verbas que “sobram” de nossos “poucos” impostos pagos compulsoriamente, após o grosso ser absorvido na auto-sustentação do sempre crescente parasita estatal, também conhecido como máquina pública? O rabo que abana o cachorro? Num país em que a cultura histórica, desde os tempos das capitanias hereditárias, fundiu em pedra a noção de que o país existe para servir os que usufruem dos cargos e poderes públicos (resquícios da colônia) e não o contrário? Acreditem, não há outra razão mais básica para a persistência de nossas mazelas administrativas.
Apesar disso perseveramos. Em várias frentes, cidadãos conscientes e entidades mostram sérias deficiências nas e prioridades para o aperfeiçoamento de nossas instituições. Muitas vezes apontam e lutam pela incorporação de medidas concretas para mitigar os problemas. Não é fácil, vejam, por exemplo, o caso da lei “fixa limpa”, iniciativa popular que infelizmente pode acabar dando em nada, tamanha a reação do “establishment” oficial. Mas não vamos desistir. Democraticamente.
Seja ou não no momento prioridade alta para a população, temos de encontrar meios de diminuir rapidamente a carnificina que está ocorrendo em nossas ruas e estradas, a qual vai piorar rapidamente em função do crescimento da população, da frota e dos tipos de veículos em circulação (duas rodas), se nada passar a ser feito fundamentalmente diferente a partir de agora. A população brasileira ainda não tomou consciência da verdadeira dimensão desse problema e como ele vem afetando negativamente a vida de milhões de concidadãos. Coberturas esporádicas na mídia ainda não atingiram a fase de "constância de propósito", essencial para fazer algo começar a mudar.
Escrito por Paulo R. Lozano às 11:00 do dia 30/05/2011