A
PNT (Política Nacional de Trânsito)... Parada
Alguém já ouviu falar do “Parada”? Sim, é do
Parada mesmo, e não da Parada.
“Parada” é, ou alguns acham que é, “um pacto”.
Como seguidor de assuntos de transporte e trânsito eu mesmo só ouvi falar desse
tal “pacto” quando foi lançado em Brasília, sem muita pompa, e em uma ou duas
ocasiões posteriormente.
Ah sim, então o governo federal atual deixou
de lado a PNT que, como disse, jamais foi revogada ou substituída, por um
pacto! Pacto com quem? Sobre o que?
Vejam o press release:
“A presidenta (sic) da
República, Dilma Rousseff, e o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, lançam
nesta sexta-feira (21/09/2012), às 11h, no Palácio do Planalto, uma campanha
permanente de conscientização no trânsito para reduzir o número de mortes nas
estradas e ruas do país. A iniciativa faz parte das ações da Semana Nacional de Trânsito de 2012,
que tem como tema “Não exceda a Velocidade. Preserve a Vida”.
As ações de trânsito coordenadas pelo
Ministério das Cidades integram o Pacto Nacional pela Redução de Acidentes
(Parada- Um Pacto pela Vida) que está sendo ativado, após o seu lançamento, em
maio de 2011. Durante este período, foram realizadas campanhas sazonais de
utilidade pública que, aliadas à fiscalização e à educação no trânsito,
conseguiram reduzir o número de óbitos nas rodovias.
Bem
temos aqui um “Pacto” (?) sendo ativado (?) um ano depois de seu lançamento
(?). Foram realizadas campanhas sazonais (?) de utilidade pública (??) que,
aliadas à fiscalização e à educação no trânsito (???), conseguiram reduzir o
número de óbitos nas rodovias (??????)!
Então
é isso. No lugar de campanhas sazonais vamos realizar campanhas permanentes (?)
e tudo se resolverá. Fazemos um pacto com a sociedade e depois compete a ela cumprir
o pacto, reduzindo espontaneamente o número de óbitos no trânsito. Como é
gostoso viver no mundo da fantasia.
Mas
e a Política Nacional de Trânsito? Esqueça. E os objetivos concretos as PNT?
Esqueça. E as Metas da PNT? Esqueça. Vamos fazer campanhas. Campanhas que nem
de longe são tão abrangentes como, por exemplo, a que vem sendo executada
contra a dengue. Para que? Afinal, em 2012, só morreram 61.000 pessoas em
acidentes de trânsito e apenas 350.000 ficaram seriamente feridas. Já a
dengue...
“Contudo, os técnicos do Ministério das
Cidades observaram a necessidade de desenvolver uma campanha permanente de
mobilização para que os números de vítimas fatais no trânsito não caiam apenas
durante as iniciativas sazonais – férias, feriados e datas comemorativas. Os
números mais recentes de acidentes no trânsito são do Ministério da Saúde e
mostram que, em 2010, 42.844 pessoas morreram nas estradas e ruas do país.” Conforme
mostrei em postagem anterior esses números está longe dos verdadeiros.
Além das
estatísticas subestimadas, campanhas. Nada de Planos abrangentes, nada de ações
sistêmicas e contínuas. Campanhas. Mas haja contradição. O Ministério das
Cidades, estranhamente “dono” do sistema trânsito no Brasil, cita como bom
exemplo a ser seguido a Espanha, que teria caído da 17a posição para
a 9a no ranking europeu de menor mortalidade no trânsito entre 2003
e 2009. Todavia, a própria Espanha diz como fez isso: “investindo principalmente em educação,
legislação e infraestrutura. Com o aumento da fiscalização e número de
guardas nas ruas, rigor da legislação, mudanças na formação de condutores,
o país reduziu significativamente as mortes no trânsito”.
Então
o Ministério das Cidades criou o Parada: “O Brasil pretende seguir o exemplo da Espanha com as ações do
Parada. O pacto é uma resposta do Brasil à Resolução A/64/L44 da Organização
das Nações Unidas (ONU), publicada no dia 02 de março de 2010, que instituiu o
período de 2011 a 2020, como a “Década de Ações de Segurança no Trânsito”. (nota: como a divulgação
do Relatório WRRTIP de 2004 não surtiu efeitos práticos a ONU decidiu, baseada
no mesmo, elaborar uma “binding resolution” sobre segurança no trânsito, a ser
votada em Assembleia Geral, onde foi aprovada).
Um
“pacto” como resposta à Resolução das Nações Unidas, uma “Binding Resolution”,
significando que os países que a assinaram se comprometeram a cumprir suas
METAS. Que meta? Reduzir o índice de acidentes fatais pela metade em 10 anos.
No Brasil não sabemos nem por onde começar, metade de que?
Se
o governo se esqueceu do PNT, se o trocou por um tal de Parada, eu não me
esqueci. Vou continuar mostrando o que não está sendo feito.
Escrito por Paulo R. Lozano em 29 de
março de 2013