A prefeitura de São Paulo
descobriu em excelente meio de promoção; a cada duas semanas anuncia a
implantação de mais 10 ou 20 quilômetros de faixas exclusivas de ônibus, mantendo
a atenção da mídia. Pesquisas vêm sendo publicadas sobre o tema: como os
passageiros estão percebendo a iniciativa? E os motoristas de carros
particulares? Já está ocorrendo migração do transporte particular para o
coletivo?
É cedo para avaliar resultados.
Recentemente fui entrevistado por
uma emissora de TV sobre o assunto. O que penso sobre as faixas exclusivas de
ônibus? Que resultados podem ser esperados?
Embora já tenha externado minhas
opiniões em postagens anteriores, resumo aqui o que penso:
a)
É dever absoluto dos poderes públicos priorizar
os modais de transportes coletivos, mesmo com prejuízos ao tesouro.
b)
Nem sempre essa priorização precisa ser feita em
detrimento do transporte individual, mas em casos de evidentes conflitos sim.
c)
A mobilidade urbana precisa ser desenvolvida
sistemicamente. O transporte sobre pneus, infraestrutura em corredores e faixas
exclusivas de ônibus são elementos (importantes) do sistema, mas de modo algum
se pode negligenciar o planejamento sistêmico com integração de todos os modais, inclusive o andar a pé , que depende de boas calçadas e travessias seguras de ruas.
d)
Vejo a implantação de faixas exclusivas de
ônibus como um aspecto positivo em grandes metrópoles. Elas estão sendo implantadas
ou ampliadas tarde demais até. Mas não se pode esperar por resultados
fantásticos. Faixas exclusivas são muito eficazes em longas vias expressas, mas
não tanto em trechos mal urbanizados e plenos de obstáculos e interferências.
Em certos casos pioras no trânsito podem reduzir ainda mais a velocidade de
circulação de ônibus em faixas.
e)
Acredito que uma migração em massa do transporte
individual para o coletivo é algo que não ocorrerá tão cedo. Nossas grandes
cidades, São Paulo inclusive, estão longe de reunir as condições mínimas necessárias
para o início de um círculo virtuoso nesse sentido. Será preciso muita
competência técnica (em falta), investimentos (em falta), menos política (em
excesso) e tempo para a readaptação das cidades e ocorrência de mudanças
culturais.
f)
Não se deve esquecer que em sistemas
deficitários aumentar a utilização significa aumentar o déficit absoluto e, portanto,
os subsídios. Mais subsídio ao transporte público significa menos e/ou piores
serviços públicos em outras áreas importantes. Já o transporte individual é
custeado pelos indivíduos (a menos da infraestrutura) os quais, em cima de seus
custos operacionais (veículos, seguros, manutenção, depreciação, combustíveis,
etc.), pagam ainda pesados impostos e taxas que o poder público utiliza ao seu bel
prazer.
Existem dezenas de considerações
outras que poderiam ser colocadas, mas um breve resumo é um breve resumo,
portanto paro por aqui.
Quanto às reduções nos custos
do transporte público, possíveis conforme expliquei, por enquanto vejo as CPIs municipais
mirando em formigas enquanto elefantes passam ao largo. Domar elefantes não é para
qualquer um, política e oratória não surtem efeito. Nada vai mudar tão cedo.
Esperar o que então? Muita propaganda
enganosa nas próximas eleições.
17 de setembro de 2013
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