Confesso que ao contrário do que coloquei na postagem anterior não fui direto ao assunto, ou melhor, fui, mas não esclareci bem. Para reforçar a pressão sobre o Estado com a finalidade de induzi-lo a fazer da civilidade no trânsito uma prioridade política permanente, a sociedade civil brasileira organizada vai precisar aumentar seu grau de mobilização. Um caminho possível seria a criação de uma “instituição de vigilância” da atuação geral do setor público sobre o sistema trânsito, com dupla finalidade: (1) apontar falhas e indicar aperfeiçoamentos; (2) divulgar e premiar entidades, órgãos e pessoas do setor público que se destacaram positivamente, inclusive (se acontecer!) políticos. Com já disse em postagem anterior o foco não deve ser apontar culpados, até porque em sistemas muito complexos isso é impossível.
É preciso uma semente capaz de crescer e se multiplicar. O tronco deve ser uma entidade prestigiosa, fortemente enraizada na independência, dedicada permanentemente ao propósito de civilizar o trânsito brasileiro via o “grande indutor”, o Estado. É claro que ela nascerá pequena, mas pela importância do tema terá condições de avançar rapidamente.
Exemplos não faltam, como as entidades de proteção de direitos do consumidor que surgiram após a promulgação do Código Brasileiro de Proteção e Defesa do Consumidor.
Alguns dirão que entidades como essa já existem. Não conheço, não com o foco proposto. Sem dúvida não será fácil criar e manter algo assim. Será que algum governo, financiador de ONGs, cogitaria financiar uma entidade cujo foco é, bem, digamos assim, “estimular” o próprio governo a agir melhor? Dificilmente.
Na próxima postagem indicarei qual podem ser as visão e missão de uma entidade desse tipo. Por enquanto vou enfatizar alguns números.
Conforme a fonte consultada tem ocorrido entre 30 e 40 mil mortes no trânsito nos últimos anos. A quantidade é tão avassaladora que números exatos são irrelevantes. Acredito mais nos 40 mil, primeiro porque mortes que ocorrem semanas ou meses depois do acidente não são bem contabilizadas e segundo devido ao grande aumento na quantidade de acidentes com motocicletas, cuja frota está em crescimento explosivo no Brasil. Usando 40 mil por ano como base, tivemos:
· 320 mil mortos durante os oito anos do governo Lula.
· 3,2 milhões de feridos com seqüelas no mesmo período (a proporção é aproximadamente 1:10)
Teremos:
· 160 mil pessoas indo para o túmulo durante o governo Dilma.
· 1,6 milhão de feridos em sua gestão até 2014.
No total, perto de cinco milhões de pessoas afetadas, 2,5% da população brasileira.
Além disso:
· A maioria dos acidentados é jovem.
· Quanto custa o tratamento médico de uns cinco milhões de feridos? Muitos precisarão de cuidados pelo resto de suas vidas. Esses recursos são subtraídos dos necessários para minorar os enormes problemas de saúde pública no Brasil.
· A esmagadora maioria dos acidentes podem ser evitados!
Perante números dessa magnitude, como é possível que a sociedade não considere os acidentes de tráfego um problema social prioritário? Já respondemos. Mas pior, por que políticos nunca abraçam a causa de fazê-los diminuir rápida e consistentemente?
Escrito por Paulo R. Lozano às 18:00 do dia 14/06/2011
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