quinta-feira, 2 de junho de 2011

Quem?

Retorno ao segundo artigo deste blog, escrito em 25/05/2011. E, mais especificamente, ao exemplo Japão. Vou repetir: Até o início da década de sessenta o trânsito no Japão era tão ao mais caótico que o brasileiro de hoje. Em meados da década de setenta já era um dos mais, senão o mais disciplinado do mundo! O Japão... decidiu num certo momento agir de modo diferente E OBTEVE RESULTADOS DIFERENTES.
OK, dirão muitos, lá foi fácil. O japonês é diferente! Eles perceberam que as coisas não iam bem e resolveram mudar de atitude. Será que foi assim? E que espécie de preconceito é esse de achar que disciplinados japoneses são diferentes?
Antes de prosseguir vamos ver mais dois exemplos. Creio que são bem significativos:
1.       Todos os dias centenas de brasileiros em viajem pelo exterior alugam carros em países onde o trânsito é civilizado: União Européia em geral (esqueçam a Itália...), Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália... E dirigem perfeitamente dentro das normas da civilidade! Que coisa, não? Fantástica a memória do brasileiro! Essas pessoas relembram instantaneamente o que aprenderam para tirar a licença de motorista e que, tudo indica, acreditam não ser aplicável ao dirigir em seu país. Obedecem às sinalizações, param no sinal “amarelo”, param para o pedestre na faixa...

2.       Ainda mais ilustrativo é o comportamento inverso. Interessantíssimo o que ocorre com alta fração de (na verdade quase todos) “expatriados”, empregados de empresas multinacionais que vêm morar por alguns anos no Brasil. Testemunhei esse comportamento em dezenas e dezenas de colegas estrangeiros (confesso que eram todos homens, não posso falar pelas mulheres) ao longo de minha carreira em três multinacionais, e contatos com expatriados de outras corporações. Depois de uns seis meses de adaptação à cultura local eles passam a dirigir exatamente como os brasileiros e a maioria se orgulha disso! Testemunhei esse comportamento em expatriados de várias idades e não apenas nos mais jovens. Inúmeros se envolveram em sérios acidentes e participei do funeral de pelo menos quatro, um deles um grande amigo, que provocou o acidente em que morreu aos 55 anos de idade. Duas pessoas morreram no outro carro.  
Perante esses exemplos, será possível continuar afirmando que o fator cultural, história e educação é o mais importante para o estabelecimento de um padrão de comportamento realmente civilizado por parte dos motoristas? Campanhas educativas podem ser suficientes para transformar o caos em ordem rapidamente? A resposta, sem dúvida, é negativa, como os próprios exemplos do Japão e da França (do qual ainda não falei) provaram.
Voltemos ao exemplo Japão, país de imensa tradição cultural. Primeira pergunta: por que o trânsito foi caótico até os anos 60, apresentando alto índice de acidentes, e comportamentos incivilizados dos motoristas? Segunda pergunta, e a mais importante, o que eles (ainda sem entrar no quem) passaram a fazer de diferente para conseguir tamanha e tão rápida mudança?
Começaremos a ver no próximo artigo.

Escrito por Paulo R. Lozano às 11:00 do dia 02/06/2011

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