Os jornais cumprem seu papel ao apontar grandes problemas em seus editoriais, porém, pelo menos no caso do sistema trânsito o impacto, infelizmente, é pequeno. Afinal, três editoriais por dia resultam em mais de mil no ano. Não há político que se preocupe com mil prioridades.
Quero enfatizar que o editorial suporta perfeitamente a linha que venho defendendo neste blog. Não me refiro ao caso específico (o Editorial comenta a modernização de radares fotográficos que a CET de São Paulo está realizando e desdobra a questão), mas sim quanto à filosofia por detrás: a responsabilidade e o poder de mudar as coisas estão, basicamente, com o setor público. Não conseguiremos evoluir enquanto a sociedade não conseguir induzir o Estado, o principal (não o único, mas sem dúvida o mais forte elemento do sistema, tão preponderante que torna os outros praticamente desprezíveis em capacidade de transformação) a criar competências para civilizar o trânsito, a exemplo do que as autoridades japonesas fizeram (conforme postagens anteriores).
Os princípios abaixo poderiam nortear uma entidade “fiscalizadora do Estado”:
INSTITUTO DA CIVILIDADE NO TRÂNSITO BRASILEIRO – ICTB
Visão
Acreditamos que o Brasil pode ter um trânsito altamente civilizado, rapidamente, e manter essa situação. Acreditamos também que visão sem ações é sonho.
Missão
Induzir de todas as formas possíveis, eficaz, eficiente e legalmente os principais elementos do “Sistema Trânsito Brasileiro” com foco no ESTADO (o principal entre os principais), visando o bem da sociedade brasileira, ao transformar nossa visão em realidade.
Valores
ü Compromisso absoluto com a verdade.
ü Independência em relação a pressões políticas e econômicas.
Objetivos
Ø Pressionar as autoridades para que a civilidade no trânsito se transforme em alta e permanente prioridade política.
Ø Ajudar a atingir rapidamente alto grau de civilidade no trânsito brasileiro, comparável ao encontrado nos países mais avançados nessa questão de cidadania.
Ø Ajudar a diminuir significativamente, em conseqüência, o número de acidentes de trânsito, mortos, feridos e seqüelas psicológicas.
Ø Ajudar a diminuir o peso que os acidentes de trânsito causam ao sistema de saúde nacional, a fim de liberar recursos para outros problemas importantes de saúde pública.
Ø Induzir o aperfeiçoamento contínuo do “sistema trânsito brasileiro”, para que nunca ocorra estagnação nos resultados e/ou diminuição de prioridade política.
Ø Ajudar na diminuição da parcela do “Custo Brasil” causada por sistemas de trânsito obsoletos, estressantes, inseguros e ineficientes.
Como fazer? Não é momento ainda de lançar idéias definitivas. O vislumbre que tenho nesse momento sobre uma boa maneira de um Instituto (ou grupo de instituições) como este ser eficaz é se orientar no caminho avaliar, medir, divulgar. Como reza um velho ditado, o que não se mede não melhora. Não é a toa que as grandes instituições mundiais que promovem evoluções macro criam índices globais. Por exemplo, no tocante à facilidade para realizar negócios pelo índice do Banco Mundial, o Brasil está na 128a posição!
Sobre avaliações concretas confiáveis é possível estabelecer “rankings” e medir alterações com o tempo. E a partir daí, premiar os mais bem colocados e/ou os que mais evoluíram; bem como apontar o dedo para os que não evoluem ou voltam para trás. Dando sempre nome aos bois. As possibilidades de medição são mais do que amplas e não se limitam a números concretos de acidentes e acidentados. É possível avaliar sistemas concretamente, igualmente bem. Os que conhecem (muitos já ouviram falar, mas não sabem o que são) as ISO 9000 sabem que são avaliações e certificações de sistemas.
Recompensa e castigo (inverti a ordem comum). Esse é o mapa da mina. Prêmios serão bem vindos; displicências implicarão em perdas de votos. Esse é o maior castigo dos políticos, na verdade o único com que se preocupam.
Escrito por Paulo R. Lozano às 11:00 hr do dia 18/06/2011
Escrito por Paulo R. Lozano às 11:00 hr do dia 18/06/2011
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