Últimos dados sobre mortes no trânsito
A seguradora que administra o DPVAT liberou um boletim
estatístico contendo dados da quantidade de indenizações pagas nos meses de
janeiro a março de 2013, fazendo uma comparação com o mesmo período de 2012. São
as mais recentes e melhores informações a respeito da acidentalidade do nosso
trânsito.
A tabela inicial é a seguinte:
Segundo o boletim:
·
De janeiro a março de 2013 as
indenizações pagas pelo Seguro DPVAT registraram crescimento de 28% ante mesmo
período de 2012.
·
Os casos de Invalidez
Permanente representaram a maioria das indenizações pagas pelo Seguro DPVAT no
período (68%) mantendo o comportamento observado no mesmo período do ano
anterior e registraram crescimento de 33% ante o mesmo período. (grifo
meu)
Houve pequena variação (de -1%) nos casos de morte, o
que dificilmente pode ser considerado um progresso, podendo ser uma oscilação
estatística. Ressalte-se que “invalidez permanente” não significa algo como “feridos
presos a cadeiras de rodas” para sempre. Qualquer perda de função não
recuperável é considerada.
Preciso lembrar que a própria seguradora reconhece que
nem todos os acidentados ou seus familiares recorrem ao DPVAT, mas a
porcentagem tem crescido à medida que mais pessoas se inteiram do benefício.
Ainda não atingiu 100%. O direito ao beneficio caduca após três anos da
ocorrência do acidente, assim casos antigos podem estar sendo computados ainda.
Por outro lado, vemos grande consistência nas indenizações por morte, quase
iguais nos dois trimestres mostrados, o que parece significar que a estatística
está estabilizada.
Ficamos tentados a fazer uma projeção das mortes para
2013 multiplicando por quatro a quantidade do primeiro trimestre. Daria 57.396.
Entretanto, a mesma projeção tomando por base o primeiro trimestre de 2012
daria 57.848, quando na verdade o DPVAT registrou 60.752 indenizações por morte
nesse ano. Acredito que ocorrerá o mesmo neste ano, devido a fatores sazonais,
mas isso pouco importa. O fato importante é que o DPVAT está registrando em
torno de 60.000 indenizações por morte por ano e reconhece que esse número
provavelmente é subdimensionado.
Quanto aos feridos a situação é ainda mais apavorante,
pois está crescendo significativamente, seguindo o crescimento da frota de
motocicletas. Vejamos mais algumas considerações do boletim:
·
No primeiro trimestre de
2013, mais uma vez, os motoristas foram maioria das vítimas fatais na categoria
de motocicleta.
·
Nas outras categorias de
veículo, os pedestres foram os mais atingidos. (grifo meu)
·
A frota de automóvel, apesar
de representar 60% da frota nacional de veículos, (fonte DENATRAN mar/13),
representou 47% das indenizações pagas por morte, no primeiro trimestre de
2013, enquanto que a frota de motocicletas, apenas 27% da frota de veículos,
representou 40%.
·
No primeiro trimestre de
2013, observa-se que os motoristas são as principais vítimas de acidentes
envolvendo motocicletas (75%), já nos acidentes envolvendo automóveis e
caminhões os pedestres são os mais atingidos (49% e 40%, respectivamente) e em
acidentes com veículo coletivo, as principais vítimas são os passageiros (50%).
Nota: ônibus
atropelam pedestres numa quantidade desproporcional à frota, indicando grande interação
ônibus/pedestres nas ruas das cidades sem a devida proteção para os últimos.
Com os dados fornecidos é possível fazer uma projeção para o ano de 2013
(com certeza subestimada) considerando que as indenizações por morte, fazendo
as devidas correções, deverão atingir em torno de 60.277.
Exemplificando, para cada 100.000 motocicletas e similares (a frota
atual supera 20 milhões) 85 pilotos e 15 garupeiros vão morrer (ou será pedida
indenização por morte ao DPVAT nesses valores). Cem mortes por 100.000 motos em
circulação, fora os 18 que morrerão atropelados por esses veículos (o que é uma
barbaridade, pois motos são leves e, portanto, menos letais do que caminhões o
ônibus quando atropelam alguém)!
A título de curiosidade, informo como anda a frota circulante do país, conforme
classificação do Denatran. O DPVAT simplifica um pouco esses critérios:
Em milhões de Unidades
Automóvel1 Caminhão2
Ônibus3 Caminhonetes4 Motos5 TOTAL6
44,0 4,7 0,9 7,7 20,5 77,9
1.
Inclui utilitários;
2.
Todos os tipos;
3.
Inclui micro-ônibus;
4.
Inclui pick-ups e vans;
5.
Todos os tipos;
6.
Inclui “outros”,
não mostrado.
Esta é a carnificina que nos espera
inexoravelmente neste e nos próximos anos.
Escrito por Paulo R. Lozano em 29
de maio de 2013