Veículos
mortais 2
Estou ensaiando há algum tempo
escrever sobre a (falta de) educação para o trânsito, mas a postagem do dia 13
de maio gerou algumas dúvidas sobre questões técnicas que e me pediram para
esclarecer. Por exemplo, qual é a diferença entre segurança passiva e ativa? Vamos
lá.
A segurança no trânsito depende de
inúmeros fatores por ser este, como tenho repetido, um sistema altamente
complexo. Os técnicos procuram classificar os fatores de segurança a fim de
facilitar estudos e desenvolvimentos. Existe consenso universal em dividir o
tema em dois universos abrangentes, as seguranças ativa e passiva.
A segurança ativa está ligada com a
PREVENÇÃO de acidentes. A segurança passiva se ocupa com a diminuição das
CONSEQUÊNCIAS de acidentes quando estes ocorrem. Para a indústria automotiva
esses fatores se dividem em internos e externos; os internos dizem respeito
apenas aos veículos e é disso que tratarei aqui.
Alguém já disse que o único veículo
seguro para se estar dentro é um tanque de guerra estacionado na garagem de sua
casa. Exagero a parte, pode-se dizer que não há veículo 100% seguro quando em circulação.
O que isso quer dizer?
A segurança de veículos em circulação
é cuidadosamente avaliada pelos projetistas. Ela é melhorada através de uma
integração cuidadosa entre fatores técnicos dos veículos e de interação com o condutor.
Havendo um motorista no sistema, um ser humano, a segurança ativa tem de considerar,
além de fatores técnicos, outros humanos / psicológicos.
Os fatores técnicos dos veículos normalmente
envolvem os seguintes sistemas:
1.
Carroceria
(inclui visibilidade);
2.
Direção;
3.
Freios;
4.
Suspensão, Rodas
e Pneus;
5.
Iluminação (para
a condução noturna, mas também diurna).
Esses fatores resultam na atitude
dinâmica do veículo face às varias condições de rodagem.
Não vou entrar em detalhes, mas só
para exemplificar, a suspensão, fundamental para a estabilidade, é um conjunto
de subsistemas complexos envolvendo ligações com a carroceria, molas,
amortecedores, rodas e pneus, coxins e outros elementos. Todos os subconjuntos
e elementos são cuidadosamente calibrados e testados em função das
características do veículo e até da “personalidade” do modelo e/ou da marca. Os
objetivos muitas vezes são conflitantes, portanto as calibrações geralmente
envolvem compromissos. Entre eles estão conforto versus estabilidade.
A chamada segurança condicional
procura facilitar a vida do condutor (em conforto e concentração), levando em
consideração fatores técnicos e humanos. A lista é longa, por isso vou listar
apenas alguns pontos:
1.
Posição e
esforços do condutor, ergonomia;
2.
Conforto térmico
da cabine;
3.
Baixo volume de
ruídos;
4.
Baixo nível de
vibrações;
5.
Segurança
perceptiva:
a.
Avisos sonoros;
b.
Complementos à
visibilidade;
c.
Facilidade de
acesso à informação;
d.
Outros.
6.
Outros.
Nas últimas décadas e eletrônica tem
entrado com força total no auxílio à segurança ativa. Freios ABS, Controle de
Tração, Controle de Rolamento, “visibilidade eletrônica” sob condições
climáticas ruins, sensores de auxílio ao condutor (cansaço, detecção de álcool
na respiração...), projeção de informações no para-brisas, conectividade com
sistemas de informações sobre as condições das vias e muitos outros.
Há um problema consequente das
melhorias da segurança ativa, porém, que a tecnologia não consegue atacar: o
motorista impulsivo. Quanto melhor o nível da segurança ativa de certos
veículos, mais os motoristas impulsivos os procuram e mais abusam deles. Para
eles só há uma solução: fiscalização intensa e punição severa. No caso, a única
que realmente funciona e tirá-los da direção (incluindo prisão).
Na próxima postagem vou me concentrar
na segurança passiva.
Escrito por Paulo R. Lozano em 15 de
maio de 2013
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