quarta-feira, 15 de maio de 2013


Veículos mortais 2
Estou ensaiando há algum tempo escrever sobre a (falta de) educação para o trânsito, mas a postagem do dia 13 de maio gerou algumas dúvidas sobre questões técnicas que e me pediram para esclarecer. Por exemplo, qual é a diferença entre segurança passiva e ativa? Vamos lá.
A segurança no trânsito depende de inúmeros fatores por ser este, como tenho repetido, um sistema altamente complexo. Os técnicos procuram classificar os fatores de segurança a fim de facilitar estudos e desenvolvimentos. Existe consenso universal em dividir o tema em dois universos abrangentes, as seguranças ativa e passiva.
A segurança ativa está ligada com a PREVENÇÃO de acidentes. A segurança passiva se ocupa com a diminuição das CONSEQUÊNCIAS de acidentes quando estes ocorrem. Para a indústria automotiva esses fatores se dividem em internos e externos; os internos dizem respeito apenas aos veículos e é disso que tratarei aqui.
Alguém já disse que o único veículo seguro para se estar dentro é um tanque de guerra estacionado na garagem de sua casa. Exagero a parte, pode-se dizer que não há veículo 100% seguro quando em circulação. O que isso quer dizer?
A segurança de veículos em circulação é cuidadosamente avaliada pelos projetistas. Ela é melhorada através de uma integração cuidadosa entre fatores técnicos dos veículos e de interação com o condutor. Havendo um motorista no sistema, um ser humano, a segurança ativa tem de considerar, além de fatores técnicos, outros humanos / psicológicos.
Os fatores técnicos dos veículos normalmente envolvem os seguintes sistemas:
1.       Carroceria (inclui visibilidade);
2.       Direção;
3.       Freios;
4.       Suspensão, Rodas e Pneus;
5.       Iluminação (para a condução noturna, mas também diurna).
 
Esses fatores resultam na atitude dinâmica do veículo face às varias condições de rodagem.
Não vou entrar em detalhes, mas só para exemplificar, a suspensão, fundamental para a estabilidade, é um conjunto de subsistemas complexos envolvendo ligações com a carroceria, molas, amortecedores, rodas e pneus, coxins e outros elementos. Todos os subconjuntos e elementos são cuidadosamente calibrados e testados em função das características do veículo e até da “personalidade” do modelo e/ou da marca. Os objetivos muitas vezes são conflitantes, portanto as calibrações geralmente envolvem compromissos. Entre eles estão conforto versus estabilidade.
A chamada segurança condicional procura facilitar a vida do condutor (em conforto e concentração), levando em consideração fatores técnicos e humanos. A lista é longa, por isso vou listar apenas alguns pontos:
1.       Posição e esforços do condutor, ergonomia;
2.       Conforto térmico da cabine;
3.       Baixo volume de ruídos;
4.       Baixo nível de vibrações;
5.       Segurança perceptiva:
a.       Avisos sonoros;
b.      Complementos à visibilidade;
c.       Facilidade de acesso à informação;
d.      Outros.
6.       Outros.
Nas últimas décadas e eletrônica tem entrado com força total no auxílio à segurança ativa. Freios ABS, Controle de Tração, Controle de Rolamento, “visibilidade eletrônica” sob condições climáticas ruins, sensores de auxílio ao condutor (cansaço, detecção de álcool na respiração...), projeção de informações no para-brisas, conectividade com sistemas de informações sobre as condições das vias e muitos outros.
Há um problema consequente das melhorias da segurança ativa, porém, que a tecnologia não consegue atacar: o motorista impulsivo. Quanto melhor o nível da segurança ativa de certos veículos, mais os motoristas impulsivos os procuram e mais abusam deles. Para eles só há uma solução: fiscalização intensa e punição severa. No caso, a única que realmente funciona e tirá-los da direção (incluindo prisão).
Na próxima postagem vou me concentrar na segurança passiva.
Escrito por Paulo R. Lozano em 15 de maio de 2013

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