segunda-feira, 20 de maio de 2013


Organization for Economic Cooperation and Development – OECD

O “Brazil” é o B dos BRICs e um membro importante do G20, mas não é membro da OECD, por culpa de visões políticas internas retrogradas que veem essa organização como um clube de países ricos. Se esse preconceito fosse verdadeiro essa deveria ser uma das razões principais para que pedíssemos imediatamente nossa filiação.  Do lado de lá a OECD está há anos esperando por isso.  Da América Latina, apenas Argentina (agora eles tem Papa!), Chile e México são membros.

Não é meu propósito desfilar aqui o que significa para um país ser membro da OECD (a Wikipedia em inglês tem um bom artigo a respeito), mas em minha opinião não é pouco.  Quero citar apenas que a OECD tem um “branch” que trabalha ativamente no sentido de ajudar e a “empurrar” seus membros para que melhorem os transportes e a segurança destes. Dentro desse “branch” funciona o IRTAD, “International Traffic Safety Data and Analysis Group.

Esse grupo trabalha em duas frentes:

·         Mantém um banco de dados sobre acidentes e dados de tráfego dos países membros;

·         Age como um grupo de trabalho permanente do “Comitê de Pesquisa sobre Transporte da OECD” e do “Fórum Internacional de Transportes”.  Analisa dados, gera relatórios, produz recomendações;

·         Países não pertencentes à OECD podem se filiar à IRTAD, mas não apenas países, organizações e até pessoas (especiais) podem se filiar.


O link acima acessa o relatório anual da IRTAD referente a 2011/2012, sendo os dados de 2012 ainda preliminares. Correndo o risco de mostrar algo não muito legível nesta postagem, a figura abaixo mostra uma página do relatório, uma coleção de gráficos de acidentalidade de 34 países a partir de 1970. Comento em seguida.





 O índice é aquele de mortes por 100.000 habitantes. O próprio IRTAD alerta sobre o “sub-registro” que pode acontecer em alguns países. Se nos restringirmos apenas ao que vem acontecendo a partir de 1990, vemos enorme evolução em países como Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Espanha, Eslovênia, Suécia, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos. E se o Brasil estivesse aí? Teremos que ver em outro gráfico do relatório.
 
 

Já mostrei coisa parecida em postagens anteriores, o triste, ou dramático é que estaríamos bem à direita do gráfico. Por dados do DATASUS o índice de mortalidade no Brasil vem se mantendo por volta de 20 por 100.000 habitantes, mas sabemos que ele é muito sub reportado. Por dados do Seguro Obrigatório DPVAT o índice está por volta de 30 mortes por 100.000 habitantes e subindo.

Não é por outra razão que o Brasil costuma varrer a sujeira para baixo do tapete. Já disse, por exemplo, e vou repetir em breve que o Brasil mentiu para a ONU em suas estatísticas e planos de redução de acidentalidade no trânsito.

De 1o de janeiro até 20 de maio de 2013, em 140 dias apenas, no ano em que o Brasil sediará a Copa das Confederações, morreram em acidentes de trânsito entre 16 e 23 mil pessoas e em torno de 130 mil sofreram ferimentos sérios.  A incerteza está na ausência de estatísticas decentes, o que o Estado em todos os seus níveis tem a obrigação LEGAL DE PROVER, mas a ignora solenemente, com o beneplácito dos TCUs e Promotorias da vida.

Salvem Gorge, Admilson, Renato, Wellington, Alice e todos os milhares que ainda vão morrer ou se estropiar em acidentes evitáveis neste ano e nos próximos. Porque, como tenho repetido ad nauseam, nada está sendo feito para melhorar MESMO essa ignominiosa situação pelas autoridades eleitas do país.

Escrito por Paulo R. Lozano em 20 de maio de 2013

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