quarta-feira, 29 de maio de 2013


Últimos dados sobre mortes no trânsito
A seguradora que administra o DPVAT liberou um boletim estatístico contendo dados da quantidade de indenizações pagas nos meses de janeiro a março de 2013, fazendo uma comparação com o mesmo período de 2012. São as mais recentes e melhores informações a respeito da acidentalidade do nosso trânsito.
A tabela inicial é a seguinte:
 

Segundo o boletim:

·         De janeiro a março de 2013 as indenizações pagas pelo Seguro DPVAT registraram crescimento de 28% ante mesmo período de 2012.

·         Os casos de Invalidez Permanente representaram a maioria das indenizações pagas pelo Seguro DPVAT no período (68%) mantendo o comportamento observado no mesmo período do ano anterior e registraram crescimento de 33% ante o mesmo período. (grifo meu)

 

Houve pequena variação (de -1%) nos casos de morte, o que dificilmente pode ser considerado um progresso, podendo ser uma oscilação estatística. Ressalte-se que “invalidez permanente” não significa algo como “feridos presos a cadeiras de rodas” para sempre. Qualquer perda de função não recuperável é considerada.

Preciso lembrar que a própria seguradora reconhece que nem todos os acidentados ou seus familiares recorrem ao DPVAT, mas a porcentagem tem crescido à medida que mais pessoas se inteiram do benefício. Ainda não atingiu 100%. O direito ao beneficio caduca após três anos da ocorrência do acidente, assim casos antigos podem estar sendo computados ainda. Por outro lado, vemos grande consistência nas indenizações por morte, quase iguais nos dois trimestres mostrados, o que parece significar que a estatística está estabilizada. 

Ficamos tentados a fazer uma projeção das mortes para 2013 multiplicando por quatro a quantidade do primeiro trimestre. Daria 57.396. Entretanto, a mesma projeção tomando por base o primeiro trimestre de 2012 daria 57.848, quando na verdade o DPVAT registrou 60.752 indenizações por morte nesse ano. Acredito que ocorrerá o mesmo neste ano, devido a fatores sazonais, mas isso pouco importa. O fato importante é que o DPVAT está registrando em torno de 60.000 indenizações por morte por ano e reconhece que esse número provavelmente é subdimensionado.

Quanto aos feridos a situação é ainda mais apavorante, pois está crescendo significativamente, seguindo o crescimento da frota de motocicletas. Vejamos mais algumas considerações do boletim:

 

·         No primeiro trimestre de 2013, mais uma vez, os motoristas foram maioria das vítimas fatais na categoria de motocicleta.

·         Nas outras categorias de veículo, os pedestres foram os mais atingidos.  (grifo meu)

·         A frota de automóvel, apesar de representar 60% da frota nacional de veículos, (fonte DENATRAN mar/13), representou 47% das indenizações pagas por morte, no primeiro trimestre de 2013, enquanto que a frota de motocicletas, apenas 27% da frota de veículos, representou 40%.

·         No primeiro trimestre de 2013, observa-se que os motoristas são as principais vítimas de acidentes envolvendo motocicletas (75%), já nos acidentes envolvendo automóveis e caminhões os pedestres são os mais atingidos (49% e 40%, respectivamente) e em acidentes com veículo coletivo, as principais vítimas são os passageiros (50%). Nota: ônibus atropelam pedestres numa quantidade desproporcional à frota, indicando grande interação ônibus/pedestres nas ruas das cidades sem a devida proteção para os últimos.  

 

Com os dados fornecidos é possível fazer uma projeção para o ano de 2013 (com certeza subestimada) considerando que as indenizações por morte, fazendo as devidas correções, deverão atingir em torno de 60.277.

 

Exemplificando, para cada 100.000 motocicletas e similares (a frota atual supera 20 milhões) 85 pilotos e 15 garupeiros vão morrer (ou será pedida indenização por morte ao DPVAT nesses valores). Cem mortes por 100.000 motos em circulação, fora os 18 que morrerão atropelados por esses veículos (o que é uma barbaridade, pois motos são leves e, portanto, menos letais do que caminhões o ônibus quando atropelam alguém)!

A título de curiosidade, informo como anda a frota circulante do país, conforme classificação do Denatran. O DPVAT simplifica um pouco esses critérios:

                                                Em milhões de Unidades

Automóvel1            Caminhão2              Ônibus3   Caminhonetes4       Motos5    TOTAL6

 44,0                        4,7                           0,9           7,7                           20,5         77,9

1.        Inclui utilitários;

2.        Todos os tipos;

3.        Inclui micro-ônibus;

4.        Inclui pick-ups e vans;

5.        Todos os tipos;

6.        Inclui “outros”, não mostrado.

 

Esta é a carnificina que nos espera inexoravelmente neste e nos próximos anos.

 

Escrito por Paulo R. Lozano em 29 de maio de 2013

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