quarta-feira, 6 de julho de 2011

Belíndia 3

Mais alguns dados do “Global Status Report on Road Safety” (GSRRS) – 2009 – da Organização Mundial da Saúde. A primeira tabela resume informações de mortes no trânsito, vistas em gráficos de pizza nas páginas estatísticas individuais de cada país:

CATEGORIA
Brasil
Bélgica
Índia
USA
Quatro rodas
10%
56%
15%
72%
Motocicletas e três rodas
20%
15%
27%
11%
Bicicletas
5%
8%
4%
2%
Pedestres
28%
10%
13%
11%
Não especificados
-
6%
11%
-
Outros
37%
5%
29%
4%



Nota: os dados referem-se a 2006.

Um ponto que logo chama a atenção é a elevada porcentagem de casos “não especificados” e/ou “outros” no Brasil e na Índia, confirmando a precariedade das estatísticas disponíveis em países menos desenvolvidos. A maior porcentagem de mortes de pedestres é a do Brasil, mais de um quarto do total. Chama a atenção também o fato de as mortes de motociclistas serem duas vezes maiores do que as de ocupantes de outros veículos. Para nossa infelicidade, sabemos que a frota de motocicletas está crescendo bem mais rapidamente.  
Pelos dados oficiais, o Brasil registrou 38.273 mortos no trânsito em 2008, para uma frota de 54.506.661 veículos e uma população estimada de 183 milhões de habitantes. Tivemos, portanto, um índice de 21 mortes por 100.000 habitantes ou 70 mortes por 100.000 veículos. No mesmo ano os Estados Unidos contabilizaram 39.800 mortes, segundo o “National Safety Council”, para uma frota de 254 milhões de veículos e uma população de 305 milhões de pessoas. Os índices correspondentes foram 13 mortes por 100.000 habitantes e 16 mortes por 100.000 veículos registrados.
Nossa comparação com os Estados Unidos é ainda pior do que parece à primeira vista. O Engenheiro de Segurança normalmente contabiliza os acidentes em função da exposição ao risco. Por exemplo, o índice americano de 2008 foi de 1,38 mortes por milhão de milhas percorridas. Não há dado similar no Brasil (poderia ser estimado pela composição da frota e consumo de combustível), mas creio que poucos duvidam que os americanos dirigem bem mais do que os brasileiros. Sabemos que a frota brasileira é sub-registrada, porém, mesmo assim, o índice de mortos no Brasil em função da exposição ao risco deve ser no mínimo cinco vezes maior do que o americano.
Independentemente da precisão das estatísticas, não resta dúvida de que a situação brasileira é ruim, para não dizer péssima. Isto, vinte e quatro anos depois do “novo” Código Brasileiro de Trânsito” e sete anos depois da “Política Nacional de Trânsito”. O que virá a seguir?
Escrito por Paulo R. Lozano às 8:00 horas do dia 06/07/2011.

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